Vida louca, vida… Vida breve, já que eu não posso te levar… Quero que você me leve!

03/09/2011 at 13:32 (Não categorizado)

    A vida é muito simplória, tudo é muito cinza. O amor parece ser o único mistério que ainda entretêm indivíduos e aparece para dar um colorido na grande depressão em que todos estão imergidos. Eu já acreditei que o amor não existia, porém minhas crenças andam um pouco balançadas, não por algo piegas e passional, mas por uns pingos de chuva que parecem molhar-me enquanto há um sol escaldante por cima do meu corpo.

    A vida imita a arte, aliás todos se alucinam com a existência da trágica e quiçá salvadora arte. Nascemos e somos rodeados por fábulas que mostram sempre o mesmo: pessoas em busca do amor. E todos sabem que vivem somente para isso, este é o único caminho para a felicidade. O empecilho existe em usarmos incondicionalmente a palavra amor para materializarmos algo que não existe. O amor não é um sentimento único que surge em uma determinada circunstância. Amor é somente um símbolo da emoção mais nobre que alguém pode sentir por outro ser. O amor talvez seja um milagre. Pessoas que não possuem nenhuma vocação para sentimentos fraternos podem simplesmente começar a caracterizar as mais doces virtudes como compreensão, paciência, perseverança, humildade, empatia e o perdão. Diz-se que o perdão é o maior dom de Deus. Será que o amor não é o deus? Será que quem ama está mais próximo de Deus?

    Ao se deixar caprichos e abandonar a vaidade, perdendo a autêntica identidade da natureza humana, que se pode mostrar verdadeiramente orgulhosa e ambiciosa, encontra-se o amor. A solidão não seria sábia? Amamos o desejo, não a pessoa desejada. O desejo é o prazer que o ego de todos necessita. É o poder que tanto perverte, é a mágica, é o sortilégio. É a destruição do altruísmo, e ainda a moralização de todos os princípios éticos que regem a nossa hipocrisia imprescindível para a existência.   Pessoas criam sentimentos, pela simples necessidade de sentir. E é perfeitamente aceitável, já que se é impelido a isso como uma obrigação vital. Todavia, somos responsáveis por nossos sentimentos e por quem cativamos. E ainda não se consegue encontrar quem seja maduro suficiente para isso, haja vista que não somos capazes de nos responsabilizarmos por algo que na maioria das vezes é falso, é senso comum.

    Já pensei que seria melhor anarquizar e dizer não ao “amor”. No entanto, o amor (ou deus) faz as pessoas melhores. Faz delas sacerdotes humildes que existem para compreender e atender. Consegue ultrapassar preconceitos, acabar com limites. Realiza mudanças, cria o bem voluntário, sem o perigo do temor, ou do medo ao castigo. A liberdade está em fechar-se à paixão, visto que esta sim é traíra e curiosa. Ela fecha os olhos de desventurados para o resto do mundo. Assim não é possível observar o arco-íris. O bem não está próximo do mal? O ódio não é o amor reprimido? O Diabo não caminha ao lado de Deus? A paixão é a cara-metade do amor, é a parte draconiana deste. É o pedaço que provoca o preto no branco, que causa o sofrimento, e chora por querer demais e grita por desejar intensamente o que não se pode ter. É a libido pelo e do poder. Afinal, o amor surge através da liberdade. E citando Rubem Alves, atos são pássaros engaiolados, mas sentimentos são pássaros em vôo. Por obséquio, como se consertam corações? A paixão é provocadora, é sedutora, ela sempre vence, é a verdadeira vida real. Ela comanda, ela tem o fascínio, ela é insaciavelmente humana. Por isso as lágrimas são quentes, elas acalentam os tristes rostos da frieza deste mundo, e também salgadas, para mostrar aos ávidos corpos, a ilusão que é a doçura deste mundo de paixão e, sim, de amor.

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